sexta-feira, 13 de março de 2009

MEDO – NOSSO AMIGO E INIMIGO


Saudações, ilustres passageiros! Hoje, gostaria de entrar numa discussão teórica sobre um tema intrinsecamente ligado ao terror: o medo.


Mas lembrem-se que sou um mero maquinista pelos túneis do pavor, então não pretendo dar uma aula sobre “as razões psíquicas do medo” e todo esse blá blá blá. Não sou psiquiatra, psicólogo, filósofo ou historiador. Quero apenas nos situar para conversas futuras (e muito mais interessantes, com certeza). Ah, e qualquer erro que vocês venham a notar, favor me avisar. Não, não vou jogar ninguém no fosso por causa disso (aquilo aconteceu por outro motivo, já falei!).


O medo propriamente dito é uma reação de nossa mente, um sentimento, o receio de alguma coisa. Certos medos incontroláveis se transformam em fobias, enquanto medos persistentes constituem a ansiedade (mais informações “legais” como essas em http://pt.wikipedia.org/wiki/Medo).


A humanidade sentiu medo desde seus primórdios, com seus pavores mais simples e imediatos: medo dos animais selvagens, medo das mudanças climáticas, medo do ataque de grupos rivais, medo de tudo que não era possível compreender (e convenhamos, devia ser muita coisa). Foi em razão de todos esses temores que o Homem passou a viver em sociedade, abrindo mão de alguns de seus direitos em troca de segurança (ou seja, por algo que afastasse as ameaças e, consequentemente, o medo).


“Mas então o medo acabou, social e politicamente falando?” pergunta a menina de óculos na primeira cartei... Digo, cadeira. Não, querida, zero pra você. Como bem apontou Jean Delumeau em “História do Medo no Ocidente” (editora Companhia das Letras), esse sentimento tenebroso literalmente ajudou a moldar a sociedade, em todas as diferentes culturas: por exemplo, o medo das tribos inimigas, que com o passar dos séculos, passou para medo das nações inimigas: isso despertou em vários povos a necessidade de formar um poder bélico! Muitos povos talvez tivessem gosto pela guerra (ou simples cobiça por novas terras), porém certos povos foram literalmente obrigados a isso e, assim, tremendo nas bases, se armaram e partiram para a luta. O medo da ameaça muçulmana levou à união entre igreja e estado na Europa; o medo de queimar no fogo do inferno levou várias pessoas a aderirem às mais diferentes religiões (não todos os fiéis, mas com certeza muitos), o medo dos inimigos levou ao crescimento do poder político (ou seja, esse sentimento muitas vezes foi e ainda é usado como um instrumento de poder); o medo mútuo mantém a paz entre os países que possuem bombas nucleares, o temor de iniciar o apocalipse impedindo alguém de apertar o botão. Obviamente, o medo não foi o único fator que levou a todos os fatores exemplificados acima, porém é certo que teve um papel fundamental.


“Puxa vida, então o medo é sempre ruim. Prova disso é que ajudou a formar essa bagunça em que estamos vivendo”, conclui um de vocês. Sim e não, crianças, pois temos que analisar o outro lado. Sem o medo, talvez nós nem tivéssemos chegado a essa bagunça atual! Provavelmente, não teríamos chegado nem na bagunça que deve ter sido a descoberta da roda. Afinal o medo, assim como a dor, nos impede de fazer burrada.


Vejam bem, não fosse o medo, os primeiros seres-humanos teriam tentado caçar os maiores animais que encontrassem em seu caminho, sem qualquer chance de vitória; e ainda, teriam destruído uns aos outros sempre que possível, pois o maior freio "moral" era o temor de represálias! Ou, caso tivessem conseguido se unir, teriam atacado outros agrupamentos sem qualquer planejamento, em lutas kamikazes repletas de esquartejamentos e membros destroçados! E depois que conquistassem todos os povos possíveis, voltariam a lutar entre si. “Sociedade organizada para afastar o perigo? Bobagem! Fale nisso de novo, Ugarth, e mato você com minha clava!”

(Obs: sei que humanos e dinossauros não conviveram juntos, então o engraçadinho que vier reclamar da imagem sofrerá mira ira nefasta!)


Não existe quem não sinta medo. O simples receio, o ato de dizer “não tenho medo de um pit bull desconhecido, apenas não sou idiota de ir lá passar a mão nele” já demonstra o implícito temor de se ferir. O medo nos impede de atravessar a rua sem olhar para os lados, nos previne de evitar andar por aí sozinho de noite, refreia nossa curiosidade de saber se conseguiríamos voar igual o Super-Homem, etc. Por tudo isso, creio que, sem o medo, talvez a humanidade não tivesse ido muito longe. Ou então a essa altura, alguém já teria apertado o botão.


Portanto, por mais clichê que possa parecer, a verdade é uma só: o importante não é acabar com o medo, mas sim controlá-lo. Esse sentimento, que traz tanta dor e sofrimento, também nos salva constantemente do perigo. Não podemos nos deixar dominar, mas precisamos aprender a conviver com ele.


E uma das ferramentas básicas para aprender a conviver com o medo é justamente o... tchãm tchãm tchãm tchãããmmm... O GÊNERO TERROR!!! O terror em todas as suas sombrias formas e mídias, e...! Hmmm, percebo que alguns de vocês já estão bocejando. Vamos terminar o passeio e deixar esse assunto para outro dia. Mas garanto pra vocês que será bem mais divertido!


Isso, podem descer, até breve... O que foi, rapazinho? Sua namorada desapareceu no túnel dos vampiros? Putz, de novo...

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